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Bolsonarismo reciclado encontra abrigo em ACM Neto

ACM Neto voltou a movimentar o tabuleiro político como quem tenta puxar a cadeira no meio da dança das eleições de 2026. O ex-prefeito de Salvador, agora vestido com a fantasia de grande articulador nacional do União Brasil, fez pose de opositor ao governo Lula e anunciou que não faz sentido continuar ocupando cargos enquanto planeja ser candidato à Presidência. Até aí, tudo normal no circo da política. Mas o problema é que o palhaço já apareceu em outras edições do espetáculo — e com figurinos bem questionáveis.

Entre eles, a lembrança incômoda da tentativa de se autodeclarar “pardo” para meter a mão no dinheiro do fundo eleitoral. Foi a primeira vez que um herdeiro de uma das famílias políticas mais brancas e tradicionais da Bahia resolveu abraçar a causa da miscigenação, mas não por orgulho, e sim por orçamento. Se existisse concurso de criatividade para justificar cor de pele, Neto teria levado troféu. O episódio até hoje rende piadas: um político que nunca soube lidar com as diferenças sociais da capital que governou, tentando agora entrar no grupo da diversidade como quem pede vaga em fila preferencial de supermercado.

E como se não bastasse esse carimbo no currículo, ACM Neto ainda precisa lidar com a sombra do bolsonarismo. Oficialmente, sempre fez cara de “não me misturo”, mas na prática está cada vez mais abraçado com o grupo que restou do mito condenado. A federação com o PP é quase uma certidão de casamento com o bolsonarismo de ocasião, aquele que sobrevive de memes, raiva e fake news recicladas. O curioso é que Neto, que sempre tentou parecer um “liberal de centro moderno”, agora se coloca como líder da direita que perdeu o maestro e tenta tocar a música desafinada sozinha.

A cena é tão caricata que dá vontade de rir: de um lado, o político que não se assume bolsonarista, mas ensaia discursos idênticos ao do entorno de Bolsonaro; do outro, o mesmo político que não se assume pardo, mas já tentou garantir cotas no fundo eleitoral. É como se ACM Neto estivesse concorrendo ao prêmio de “melhor ator coadjuvante” da política brasileira, sempre adaptando o figurino ao público do momento.

Na Bahia, a estratégia pode até enganar alguns, mas é difícil imaginar que um estado historicamente resistente ao bolsonarismo compre a ideia de que Neto seja a “nova cara” da oposição. Para muitos, ele continua sendo apenas o herdeiro privilegiado, que agora brinca de metamorfose política para caber no que restou da direita nacional.

Em resumo: ACM Neto se apresenta como candidato a presidente, mas carrega nas costas dois figurinos difíceis de despir — o de bolsonarista envergonhado e o de pardo oportunista. E, no teatro da política, a plateia pode até rir da piada, mas raramente perdoa o ator que troca de máscara rápido demais.

 

Por Redação

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